segunda-feira, 30 de maio de 2011

Superman ficou fraco, o Pinguim jogou criptonita



Ah, o que que é isso?, você se pergunta. Ele vai apelar para axé! O que axé tem a ver com elaborar ficção?
Bom, tem a ver se você quiser escrever sobre a trajetória de um grupo de axé fictício...
Contrariando a expectativa de outros, também não vou falar sobre quadrinhos, nem postar nenhuma tirinha. Vocês podem ver ótimas tirinhas no blog do meu amigo Daniel www.tiradejornal.blogspot.com
A conexão é a seguinte: Superman é vulnerável à criptonita e à...? Magia!! (Isso é muito nerd pra você, né?) Falemos então de magia e fantasia... falemos de como elaborar um universo mágico que seja crível. Sei que muitos adoram um mundo de fantasia, cheio de magos, bruxos, duendes, elfos e por aí vai. Então, por que não saber um pouco mais sobre como construir um? O texto a seguir é uma tradução livre de um texto que vi no site FictionFactor.com.

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O que diferencia a fantasia dos outros gêneros?
Ela pode usar o mesmo cenário que um mistério moderno ou um romance histórico, então porque ela não é nenhuma dessas duas coisas? Em primeiro lugar, o tom ou ênfase de um história de fantasia não está no romance ou no mistério, embora ela possa conter poderosos elementos dos dois. A maior parte dos textos de fantasia vai conter algum elemento de magia, sendo ela inerente ao cenário ou aos personagens ou a algo que pode ser manipulado.
O primeiro passo ao decidir adicionar magia ao seu mundo é: quem ou o que a terá ou irá usá-la. Ela será de todo mundo ou de uma minoria seleta? Ela será aceita como coisa comum ou será temida e proibida por lei? Ela será parte natural dos habitantes?
Quem usa ou possui magia em seu mundo afetará consideravelmente o seu roteiro e sua caracterização. Se a magia é limitada a uma minoria seleta (Harry Potter) como o resto do mundo reagirá? Um usuário de magia será banido ou perseguido? Considere o extremo oposto. No primeiro livro Xanth, Bink foi exilado por não possuir um talento mágico. Seu mundo pode carregar ambos os pontos de vista ou estar em algum entre os dois. A série Harry Potter é uma mistura dos dois: no mundo "real", a minoria tem talentos mágicos que são mantidos em segredo; mas na comunidade mágica, aqueles que nasceram sem magia são tratados com pena e/ou desprezo.
A maior parte das histórias de fantasia limitam a magia disponível para os personagens por uma razão muito importante: conflito. Se todo mundo possuir magia ilimitada, onde está o potencial conflito? Se um feiticeiro pode transformar todos os seus inimigos em poeira ao primeiro sinal de problema, então fica quase impossível criar tensão. O feiticeiro (bom ou mau) precisa ter possibilidade de ser derrotado, senão o suspense se esvai.
Coerência é um assunto de suma importância ao se desenvolver sistemas mágicos. Se de repente a feiticeira Ickabette se lembra na página 400 que pode aniquilar seus inimigos com um pensamento, então o mundo que você criou perde credibilidade.
Muitos escritores confundem coerência com inflexibilidade e sentem que não hã espaço para o crescimento ou para a mudança. Isso não é verdade. Um personagem que na página 3 tem problemas em acender uma vela ainda pode incinerar uma cidade inteira na página 300 se a história suporta essa mudança, ao dar ao leitor a impressão de que o personagem está crescendo em poder e habilidade. Em nenhum momento, as habilidades de um personagem devem mudar milagrosamente para resolver o conflito final da história (intervenção minha: já ouviram falar de Deus ex Machina? Se não, deem uma olhada aqui).
Em A maldição de Chalion de Lois Bujold, o personagem principal realiza um milagre, mas Bujold construiu seu mundo em torno dos cinco deuses/deusas e seu histórico de concessão de poderes milagrosos a uma minoria escolhida. A história conduz magistralmente a essa conclusão e o leitor não é deixado com a impressão de que o escritor é um trapaceiro.

Fonte:
A origem da magia em seu mundo pode ser um ponto muito importante. Ela pode ser um poder universal (a Força), um dom de Deus ou de outra divindade (mitos de diversas partes do mundo usam esse sistema), pode ser baseada na natureza (os elfos de Tolkien) ou derivada da força da vida (a trilogia Secret Text de Holly Lisle é um excelente exemplo).
Técnica:
Se seus feiticeiros, magos ou bruxos precisam de ingredientes especiais e ervas para fazer a magia deles funcionar, então onde eles acham esses ingredientes? Se a magia é usada abertamente, eles podem achar o que precisam em lojas e no mercado? Se a magia é temida ou proibida por lei, que distâncias eles têm que percorrerm  a fim de obter os componentes necessários?
Katherine Kurtz usa ritual mágico nas suas séries Deryni, que tem a Igreja Católica como inspiração. A quantidade de detalhes que você usa para mostrar a seus leitores como a magia funciona em seu mundo vai depender do seu estilo de escrever. Kurtz constroi a tensão lentamente e boa parte do conflito na sua primeiro trilogia acontece dentro dos personagens e não fora. Já Tolkien também leva a trilogia Senhor dos Anéis em um ritmo mais lento do que algumas histórias de fantasia; ele não perde muito tempo explicando como seus magos usam seu poder. Ocasionalmente, há palavras (ex: Gandalf na ponte enfrentando Balrog), mas muitas vezes a magia é bem simples.

Poder:
A quantidade de poder que um feiticeiro possui vai depender em grande parte do roteiro da sua história e do papel do seu feiticeiro nesse mesmo roteiro. Muitas históris favorecem a puberdade como o momento do "despertar" dos talentos mágicos ou a época de crescimento extremo desses talentos. A razão para isso é a incapacidade de uma criança pequena ou um bebê de entender as consequências de suas ações (é por isso que nós não damos aos pré-adolescentes o direito de dirigir carros em nosso mundo).
Independente de como seus personagens usam magia e de como ela interage com outras criaturas e forças, ela precisa seguir um conjunto de regras. Coerência é valiosa no universo mágico. Sem isso, a magia se torna o elixir milagrodo que conserta roteiros defeituosos e resgata mundo muito mal desenvolvidos.

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E aí, deu para se animar em elaborar uma história de magia e seguir as regras da cartilha para torná-la mais crível?
Em caso afirmativo, escreva aí nem que seja um pequeno conto, poste no seu próprio blog ou me envie pra eu dar uma olhada! Boa semana a todos, tchau!

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