quinta-feira, 12 de maio de 2011

Dizer o que eu posso dizer? - Parte II


E aí, rapaziada! Quem achou que eu não voltaria esta semana levanta a mão. Opa...levantei a minha aqui.
Muito bem, pessoal, vamos a mais liçõezinhas sobre o diálogo na ficção. Encontrei esse texto há pouco tempo na Internet. Ele foi escrito por um rapaz que é jornalista, e ele discute a importância de haver depoimentos tanto no jornalismo quanto na ficção.
O começo é aquela história que já conhecemos, graças ao primeiro texto sobre diálogo que postei aqui. O diálogo faz a história ganhar vida. O diálogo conta a história do ponto de vista do personagem. (O destaque é meu; achei essa explicação muito boa). O diálogo permite-nos decidir por nós mesmos quem é o personagem, porque ele está fazendo o que está fazendo, e como ele decide resolver o próprio conflito. Um bom diálogo muda o ritmo de toda a escrita. 
O autor prossegue nos dando esclarecimentos sobre jornalismo. Segundo ele, lá o diálogo é a interrupção da descrição dos eventos feita pelo repórter. O diálogo não apenas quebra o que  eles chamam de “espaço cinza” sem fim, mas também acrescenta credibilidade a um artigo. Dois repórteres podem cobrir uma  matéria de duas formas diferentes, trazendo ao trabalho sua própria bagagem educacional, histórias pessoais e influências. O diálogo, entretanto, é constante, uma citação que permite aos leitores ouvir o que realmente foi falado, independente do que os repórteres estejam dizendo. Nos coloca no cenário do incidente, permite-nos decidir sobre o que aconteceu.
Em ficção, acontece o mesmo. Como escritores, nós damos a nossos leitores a história que vemos em nossa cabeça, baseada em nossa própria bagagem educacional, histórias pessoais e influências. Estamos contando aos leitores o que queremos que eles saibam, mas quando acrescentamos diálogo damos credibilidade aos personagens, permitindo que os leitores testemunhem essas pessoas em ação e julguem por si próprios.
Quando as pessoas falam na ficção, os leitores escutam atentos como se estivessem todos no mesmo quarto. Nesse momento, a história não está sendo contada a eles; eles a estão escutando às escondidas. Eles se tornam uma parte da história.
Como não podia deixar de ser (agora quem fala sou eu, Alex, não o rapaz jornalista), há uma pequena lista de dicas, extraídas da experiência jornalística, para ajudar na elaboração de diálogo eficazes. Talvez alguns de nós já as conheçam, mas vale a pena relembrá-las para que estejam sempre presentes na nossa rotina  como escritores:

1. Entreviste seus personagens para conhecê-los melhor. Isso não é coisa de doido, não. Se você pode imaginar um monte de personagens na sua cabeça, então pode colocar todos eles sentadinhos a uma mesa para uma entrevista. Visualize-os a sua frente, pegue o seu bloquinho de anotações de repórter e lhes faça perguntas, qualquer coisa, desde o que eles sentem até a relação deles com pais, irmãos e companheiros. Você vai ficar impressionado com o quanto essa técnica pode ser eficaz, ainda mais quando os personagens são vagos e rasos na sua cabeça. Tente botar pra fora os pensamentos mais profundos que eles têm. Observe todos os movimentos que eles fazem. Anote tudo isso até você saber exatamente quem são essas pessoas. 

2. Só deixe o que for bom mesmo. Muitas vezes, um repórter da televisão vai gravar horas de conversa para só mandar para o ar alguns poucos minutos que valem a pena. Por que? Porque os espectadores não querem acompanhar longas explicações. Eles querem a versão fácil e resumida, o trechinho de vinte segundos que diz tudo. (NOTA: Por isso, nunca acredite que a TV te apresenta toda a história por trás de um incidente). Em outras palavras, apenas os fatos. Em ficção, tagarelice, falas arrastadas, extensos argumentos repetitivos podem ser realista, mas quem quer ler muito realismo? Há uma razão para chamarem isso de ficção. Dê aos leitores as partes interessantes e deixe de fora o restante. Resumindo: não tenha preguiça de escrever muito, mesmo sabendo que vai ficar só com uma coisinha de nada.

3. Ouça as pessoas a sua volta, principalmente aquelas que você deseja imitar em seu livro. Preste atenção à cadência de seu modo de falar, o sotaque, as expressões. Seja um gravador ambulante, depois use essas distinções para expressar seus vigorosos personagens. Na mesma linha, dê a cada personagem, homem ou mulher, sua própria voz. Seja abelhudo mesmo!

4. Evite estereótipos e dialetos. Grandes nomes da literatura conseguiram dançar conforme essa música, mas a regra geral faz alertas contra ela, especialmente se você está escrevendo uma ficção para a massa em geral, onde os leitores querem uma leitura rápida, de entretenimento. Mesmo que os dialetos tragam cores novas a sua história, expressões complicadas vão desacelerar o ritmo de leitura. Use expressões aqui e ali para lembrar aos leitores que os personagens têm sotaques e modos de falar únicos, mas, de forma geral, fique no português básico, usado pelo leitor médio. 

5. Use o diálogo para desenvolver seus personagens e fazer a história seguir em frente, de preferência tudo ao mesmo tempo. Nada melhor para levar uma matéria adiante do que um ótimo diálogo. Não importa o quanto a cobertura dos repórteres sobre o World Trade Center e o local do atentado tenha sido extensa; só o diálogo das pessoas que passaram por esses horrores pôde trazê-los de verdade para nossa vida; o diálogo nos colocou no lugar dessas. O mesmo vale para a ficção. Quando o conselho é formado no Senhor dos Anéis para determinar o que fazer com o anel de poder, os personagens dão opiniões diversas, o que tanto externa suas motivações interiores quanto mostra ao leitor para onde a história segue.(Nunca li Senhor dos Anéis, mas vi o filme. Deve ser a mesma coisa essa parte do conselho).

6. Torne o diálogo significativo. Nada mexe mais com as emoções do que um ótimo diálogo. Usar uma citação cativante para aprimorar a história comove os leitores mais do que as palavras de um jornalista ou de um autor.

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Cá estamos, no fechar das cortinas desta postagem. Se você, querido leitor imaginário, tem outras dicas para dar, por favor, escreva aí nos comentários. Vai ser ótimo também se você(s) puderem relatar experiências de elaboração de diálogo, como foi, se foi difícil, em que conversas ele se baseou e por aí vai.
Por hoje é só, pessoal!











Um comentário:

  1. Viva, acho que já faço tudo isso!
    Gostei das suas dicas. São bastante válidas e esclarecedoras.

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