segunda-feira, 9 de maio de 2011

Dizer, o que eu posso dizer?




Olá, leitor imaginário, tudo bom? Sentiu minha falta? Eu também senti sua falta, amigo. Prometi postar aqui antes do feriado e não consegui cumprir. Desculpe. Aquela tradução em que estava envolvido é muito longa. Tanto que hoje vou até colocar outra aqui, que tem o mesmo propósito: dar dicas sobre como elaborar o diálogo em sua história. Espero que você não tenha abandonado sua história por minha causa, leitor imaginário. Tenha força e prossiga.
Agora, suponhamos que você tenha me perguntado "Dizer, o que posso dizer?", "que diálogo colocar na boca dos meus personagens?". Coloque um diálogo eficiente. Como assim? Explico.
Um diálogo eficiente faz o enredo andar. (Sabe o "enredo", né. O encadeamento dos eventos da história? Esse mesmo). Um diálogo eficiente aprofunda, ou traz novas camadas, aos seus personagens. Traz proximidade e intimidade, e traz com sutileza informações e emoções que são capazes de estimular a empatia do leitor. 
Entendeu? Hum... você quer saber o que traz essa eficiência para o diálogo. Vejamos: 
1º  Imitação da vida real: Não parece “morto” ou formal demais. O diálogo tem que fluir naturalmente. Mas atenção: Embora nosso desejo seja um diálogo que “soe” real, não é nosso objetivo mostrar um diálogo da vida real.  Os diálogos da vida real você sabe como são, né. Tem muita tagarelice sem utilidade. Traduzindo, ele é monótono, sem profundidade e um desperdício criminoso de um bom espaço. Em outras palavras, não rende nada.

 2º Dizer alguma coisa: Não deixe que os personagens perambulem pela história sem objetivo. O que eles estão dizendo tem que prestar para alguma coisa. Quanto maior a missão, mais eficiente o diálogo. Por exemplo, se o seu diálogo faz o enredo avançar, crie ou adicione um diálogo a um conflito já existente, e revele algo novo sobre o personagem. Aí, ele estará trabalhando bastante. O diálogo deve trabalhar bastante. Quanto mais funções ele tiver, mais ele ajuda a fortalecer a história. (Ou seja, diferente dos trabalhadores do dia-a-dia, acumular funções faz bem para o diálogo - não exagere, é claro).

Estabelecimento do ritmo: Mexa com o ritmo da história  através do diálogo. Não ignore o estado emocional do personagem. Se ele está irritado, não o deixe ter pensamentos profundos, nem falas extensas. Somos humanos. Quando estamos irritados, falamos aos pedaços. Com tons de voz oscilantes. Para converter a emoção em escrita, use frases e parágrafos curtos, resumidos.Lembre-se também de:
- Verbos vigorosos
- Nada de enfeitar as palavras
- Nada de coisas meigas
- Nada de diminuir o ritmo do leitor
Quando o leitor lê mais rápido, ele sente a urgência dos acontecimentos, a velocidade com que acontecem.
Por outro lado, para reduzir o ritmo em momentos delicados, comoventes, faça o oposto – deixe seus personagens se estenderem nos pensamentos, descansadamente, em ideias vagarosas, e permita que falem em frases fluídas, guiadas pela coerência, que se movimentam devagar na página.(Quase dormi.)
Essa ferramenta leva a emoção do personagem ao leitor. Ganha a simpatia desse leitor. E a simpatia dos leitores traz bons frutos. 

  Personagens não são clones: Não deixe que seus personagens soem todos iguais. Um play boyzinho impertinente não fala da mesma forma que um pedreiro, ou que um mestre de obras que mora na comunidade mais pobre da cidade. Um mecânico não está apto para usar a verborragia ou o padrão de fala de um gerente geral de uma empresa, nem de um jogador de futebol. Mantenha a linguagem (verbal e não-verbal) fiel ao personagem. Respeite-o, não tirando dele as características que o tornam um individuo único. O modo como cada personagem fala deve ser natural a este personagem. Se não for assim, então, meu amigo, você está insultando o personagem e a pessoa em quem você está se inspirando. E de quebra, vai irritar os leitores pra valer. 

Dialeto não é pra se usar a torto e a direito: Se for apropriado, use dialetos. Mas, lembre-se: de pouco se faz muito. Uma gotinha realça as coisas, mas uma inundação causa distrações (e destruições). Dialeto não é comum, é difícil de ler – e não faz parte dos elementos estruturais que vendem uma história. (Nota minha: não concordo tanto com o autor nessa parte, porque muitos dos romances mais populares da literatura brasileira são romances regionais, repletos de dialetos. Vide Grandes Sertão Veredas de Guimarães Rosa. Portanto, você segue essa dica aqui se estiver de acordo com ela, leitor.)

(Não) falar o que? O diálogo silencioso às vezes pode ser a mais poderosa forma de diálogo. Acontece quando o personagem diz o oposto do que pretende, não diz nada, ou simplesmente evita o olhar de outro personagem. Isso também é um diálogo eficiente. 

Linguagem corporal: O diálogo não é apenas o que se fala. Também é o que nós não falamos, e como nós não falamos. Você já disse “Sim” quando queria dizer “Não”? Já disse “Tá certo” em uma discussão, quando na verdade queria dizer “Não seja burro, seu imbecil”?
Eis uns poucos exemplos de linguagem corporal:

Raiva: Mãos fechadas. Olhos estreitos. Postura rígida. Queixo duro. Lábios apertados.
·          Felicidade: Sorriso. Piscadelas. Olhos cintilando.
·         Relaxamento: Espreguiçamento. Membros frouxos.
·         Interesse: Inclinado para frente. Olhar atento para quem quer que esteja falando.
      Delicadeza: Carícias, toques, lábios separados.
·         Nervosismo: Balançar incerto. Arrepio. Esfregando as mãos.
·         Espanto: Olhos saltados. Parado feito pedra. Mão no peito, dedos separados. Queixo caído.
·         Tristeza: Lágrimas. Apático. Mão apertando o peito. Ombros caídos. Posição fetal. 
....................................
      É isso aí, leitor. Se você gostou, dá um joinha aqui embaixo e não deixe de ver meu video anterior...ops!! Troquei as bolas, desculpe. De qualquer jeito, você pode continuar seguindo esse canal, ou melhor, blog. Esse post foi legal, foi útil? Há algo que você gostaria de acrescentar as dicas? Algo que você gostaria de pedir que eu postasse. Pode soltar o verbo, este espaço é seu (o espaço dos comentários, é claro).
Boa tarde e boa semana!
·

·       
·   
·        
·         


·    
·        



·  
·        

Nenhum comentário:

Postar um comentário